quarta-feira, 18 de março de 2009

Os movimentos estudantis brasileiros

Que fique claro: Este texto foi dessa forma escrito, sem muito se aprofundar, pelo fato de ter sido pedido por uma revista uruguaia, para que eu contasse brevemente a respeito de como funcionam os movimentos estudantis no Brasil.
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No Brasil,a juventude participou de grandes momentos da história do país.O órgão de representação mais importante dos estudantes,é a UNE – União Nacional dos Estudantes,que é também,uma das principais organizações da sociedade civil brasileira.Fundada em 1937,os estudantes universitários faziam encontros de agitação cultural,onde produziam filmes, peças de teatro, músicas, livros e exerciam influência sobre parte da sociedade.
O primeiro grande ato da UNE,ocorreu em 1968, meio à ditadura militar implantada no país há 4 anos.Em junho deste ano,estudantes,artistas,jornalistas e a população em geral,foram as ruas do Rio de Janeiro,para a ‘passeata dos Cem Mil’,manifestar contra os abusos dos militares.
Passados 24 anos desde o fim da ditadura militar no Brasil,em 1985,os estudantes brasileiros parecem não ter a mesma vontade de lutar pelos seus direitos.A UNE existe,ainda forte,apoiada pelo governo e muito contestada pelos estudantes.Porém,os grêmios estudantis,que são as primeiras formas de organização estudantil nas escolas,estão cada vez mais extintos.A maioria dos estudantes só conhece estas representações,e o quanto elas podem ser fortes no processo de busca pelos seus direitos,quando chegam à faculdade.Além disso,quase todos os grupos que lutam pela direção da UNE,dos grêmios e dos DCE’s (diretório central dos estudantes) das universidades,são partidários,ou seja,cada partido tem um grupo estudantil dentro das universidades.Isto torna ainda mais difícil a união destes estudantes,já que cada um quer defender o seu próprio partido,seja ele de direita ou de esquerda.Os estudantes se esquecem que o mais importante é lutar pela maior qualidade do ensino público,lutar contra a mercantilização do ensino,lutar para que possam ter direito ao ‘passe livre’,ou seja,usar o transporte público de graça,para ir à faculdade e à escola.
Para se ter uma idéia da inércia dos estudantes brasileiros,cito um ato que ocorreu em outubro de 2008,para protestar contra fraudes nas eleições municipais,nas mesmas ruas do Rio de Janeiro que em 1968 reuniram 100 mil pessoas.O ato se chamava ‘movimento pró-democracia’,era apartidário,e teve a presença de apenas,3 mil pessoas.A juventude brasileira está acomodada,conformada,e principalmente,sem saber a força que tem,nesse país que se diz democrático.



"Publicado en la Revista CONCHA de Uruguay - Abril 2009"

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